Como identificar a Leucemia Promielocítica no Hemograma Completo. A Leucemia Promielocítica Aguda (LPA) é uma neoplasia hematológica rara, mas com características específicas que podem ser identificadas em exames laboratoriais, especialmente no hemograma completo.
A LPA é uma subcategoria da leucemia mieloide aguda e é considerada uma emergência médica devido ao risco elevado de complicações hemorrágicas. Neste artigo, vamos explorar como identificar sinais sugestivos dessa leucemia no hemograma completo.
O que é a Leucemia Promielocítica Aguda (LPA)?
A leucemia promielocítica aguda é caracterizada por uma proliferação anômala de promielócitos, células precursoras dos granulócitos.
Essas células, ao se acumularem, comprometem a medula óssea, afetando a produção normal de células sanguíneas.
Um ponto crucial é que a LPA pode causar coagulopatias severas, como a coagulação intravascular disseminada (CIVD), devido à liberação de substâncias pró-coagulantes pelos promielócitos anômalos. Por isso o assunto de Como identificar a Leucemia promielocítica no hemograma completo é de extrema importância para o analista clínico.
A LPA é frequentemente associada a uma translocação genética específica, a t(15;17), que resulta na fusão dos genes PML e RARA. Essa translocação é um marco importante para o diagnóstico e, atualmente, tratamentos direcionados, como o ácido all-trans retinoico (ATRA), têm melhorado significativamente o prognóstico de pacientes com essa condição.
A Importância de Como identificar Leucemia Promielocítica no Hemograma completo
O hemograma completo é um exame de triagem inicial essencial para detectar alterações hematológicas.
Embora não seja suficiente para um diagnóstico definitivo de leucemia promielocítica, ele pode indicar sinais que levantem suspeitas, orientando o profissional para investigações adicionais, como a análise morfológica e exames moleculares.
Principais Alterações no Hemograma Completo na LPA
Aqui estão as principais alterações que podem ser encontradas no hemograma completo de um paciente com leucemia promielocítica aguda:
1. Leucocitose ou Leucopenia
– Leucocitose: Aumento significativo dos leucócitos, observado em alguns casos, especialmente na variante hipogranular da LPA.
– Leucopenia: Em outras situações, pode haver uma redução no número total de leucócitos, comum em LPA na apresentação inicial.
Essas alterações são significativas porque a contagem leucocitária afeta diretamente o risco de complicações hemorrágicas e trombóticas, além de influenciar a conduta terapêutica.
2. Presença de Promielócitos no Sangue Periférico
– A presença de promielócitos no sangue periférico é uma das características mais marcantes. No entanto, o número de promielócitos pode variar e não é necessariamente elevado em todos os casos.
– Morfologicamente, os promielócitos anômalos podem apresentar grânulos citoplasmáticos, e na variante hipogranular, podem ter um aspecto mais atípico e com poucos grânulos.
3. Trombocitopenia
– A trombocitopenia, ou redução do número de plaquetas, é uma característica comum na LPA e pode estar associada ao risco elevado de sangramentos.
Em alguns casos, a contagem de plaquetas pode estar bem abaixo do normal, representando um risco significativo para o paciente.
4. Anemia
– A anemia é frequentemente observada em pacientes com LPA devido à substituição da medula óssea por células leucêmicas.
Essa anemia tende a ser normocítica e normocrômica, ou seja, os glóbulos vermelhos não apresentam alterações de tamanho ou coloração.
Características Específicas da LPA: Fatores Importantes
A análise de hemograma em casos suspeitos de LPA envolve a avaliação morfológica detalhada dos promielócitos. Esses elementos são importantes para o diagnóstico diferencial de outras leucemias mieloides agudas e para confirmar a suspeita de LPA.
1. Morfologia dos Promielócitos
– Grânulos Citoplasmáticos: Os promielócitos da LPA clássica possuem grânulos citoplasmáticos abundantes que podem ser observados na coloração do sangue periférico. Na variante hipogranular, os promielócitos possuem poucos grânulos ou quase nenhum, o que torna o diagnóstico mais desafiador.
– Corpos de Auer: São inclusões em bastonete no citoplasma que podem estar presentes nos promielócitos de LPA. Essas inclusões são muito importantes e, quando vistas, aumentam a suspeita de leucemia promielocítica.
2. Coagulação Intrínseca e Risco de Sangramento
– Um aspecto distintivo da LPA é a predisposição para eventos hemorrágicos. Isso ocorre porque os promielócitos liberam substâncias pró-coagulantes que promovem a coagulação dentro dos vasos sanguíneos, levando à CIVD.
– Pacientes com LPA frequentemente apresentam um perfil de coagulação alterado, como aumento do tempo de protrombina (TP), tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPa) e níveis baixos de fibrinogênio.
Exames Complementares Necessários
Além do hemograma completo para identificar a leucemia promielocítica, exames complementares são essenciais para confirmar o diagnóstico de LPA e estabelecer o melhor tratamento. Entre os exames adicionais estão:
1. Imunofenotipagem
– A imunofenotipagem por citometria de fluxo ajuda a caracterizar as células anômalas e é um exame importante para o diagnóstico diferencial.
2. Citogenética e Biologia Molecular
– A confirmação da translocação t(15;17) e do gene de fusão PML-RARA é necessária para o diagnóstico definitivo de LPA.
– A PCR (reação em cadeia da polimerase) para detectar o gene de fusão PML-RARA pode ser realizada tanto no sangue periférico quanto na medula óssea.
Diagnóstico Diferencial da LPA: Como Diferenciar Leucemia Promielocítica Aguda de Outras Leucemias
Algumas características do hemograma e da morfologia celular ajudam a diferenciar a LPA de outras leucemias mieloides:
1. Leucemias Mieloides Agudas com Diferenciação (LMA)
– Ao contrário da LPA, em outras LMAs, os blastos não possuem as características específicas de grânulos abundantes e corpos de Auer nos promielócitos.
2. Leucemias Linfocíticas
– A morfologia celular ajuda a diferenciar a LPA das leucemias linfocíticas, pois estas geralmente não apresentam corpos de Auer e possuem um fenótipo de linfócitos em vez de promielócitos.
Tratamento da Leucemia Promielocítica Aguda
O tratamento para LPA inclui o uso de ácido all-trans retinoico (ATRA) e arsênico, que, em combinação, promovem a diferenciação das células leucêmicas.
É importante que o tratamento seja iniciado o mais rápido possível, dada a gravidade da condição.
Importância do Diagnóstico Precoce e Prognóstico
A identificação da Leucemia Promielocítica no Hemograma completo é crucial, pois as complicações hemorrágicas podem ser fatais.
Com o tratamento adequado, a taxa de cura para a LPA é alta, mas é essencial que a condição seja reconhecida rapidamente e que o tratamento seja iniciado de imediato.
Conclusão
A Leucemia Promielocítica Aguda é uma condição grave, mas com sinais característicos que podem ser detectados no hemograma completo, como a presença de promielócitos anômalos, leucocitose ou leucopenia, trombocitopenia e anemia.
Este exame inicial pode ser essencial para suspeitar da doença e direcionar para exames confirmatórios. Com tratamento precoce e adequado, o prognóstico para LPA pode ser favorável.
*Assista também a aula completa
Como identificar Leucemia Promielocítica no Hemograma Completo
Abraços
Até mais
Sobre o Autor
0 Comentários